O 13º salário soa como alívio ao trabalhador, que pode aproveitar parte da quantia extra para ficar em dia com as contas e, de quebra, adquirir algo que ficou apenas nos planos durante o ano – incluindo o desejo da casa própria. Mas, como o investimento é alto, o segredo para não se complicar com as dívidas é crias boas estratégias: pesquisando as melhores ofertas, avaliando as possibilidades e, por fim, botando os planos em prática.
Para o diretor regional do Secovi (Sindicato Patronal da Habitação) Angelo Frias Neto, o fim de ano pode ser considerado um bom momento para a aquisição de imóveis, tanto pela redução da procura no período, como pela transição do governo. “Apesar de a administração do país ser a mesma, novas metas estão sendo traçadas e, certamente, alguns consumidores tendem a aguardar os resultados antes de agir. Neste período, ainda, muitas pessoas estão viajando e não procuram por imóveis. Dessa forma, a concorrência acaba sendo menor, o que motiva o mercado a criar recursos que alavanquem as vendas.”
Antes da compra, no entanto, o recomendado é que todas as finanças sejam muito bem analisadas para evitar futuras dívidas. Conforme o economista Francisco Crocomo, coordenador do Banco de Dados Socioeconômicos da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), despesas comuns no início do ano, como IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), material escolar – além das habituais com alimentação, transporte e vestuário – devem ser os primeiros valores a passar por avaliação antes de uma nova aquisição. “Cada indivíduo passa por situações particulares, seja aquele responsável por todas as despesas da casa ou os que já possuem muitas dívidas. Assim, o 13º salário costuma servir , inicialmente, como valor extra para quitar ou diminuir dívidas já existentes, para comprar presentes de Natal ou mesmo para poupar, pensando em investimentos futuros ou na melhoria da qualidade de vida”, explicou.
No caso de consumidores sem dívidas, entretanto, Crocomo aconselha: vale analisar qual forma de pagamento melhor se encaixa em seu perfil. “É sempre bom criar uma poupança ou aplicações de longo prazo para as compras. No caso do 13º, o uso adequado se torna uma imensa vantagem, principalmente se comprar à vista e com desconto. Se não for possível, o consumidor deve evitar muitas parcelas, assim como o uso de cartão de crédito e cheque especial. O importante é não cair em armadilhas financeiras e comparar preços e qualidade dos produtos e serviços”, frisou.
ALÉM DE PREÇO – Segundo Frias Neto, quem deseja adquirir um imóvel para uso próprio deve avaliar, primeiramente, se ele atende às necessidades da família ou, no caso de espaços comerciais, se acomoda a instalação da empresa. “Avaliar preço e possíveis valorizações são aspectos importantes, mas o primordial é escolher um local que alie conforto e funcionalidade, com uma boa vizinhança e proximidade com o trabalho dos moradores ou escola das crianças. É imprescindível, também, contar com a assessoria de um profissional habilitado e de uma imobiliária de confiança para analisar toda a documentação do imóvel e do vendedor, para evitar contratempos”, lembrou.
Fechar um bom negócio, Crocomo completa, só se torna possível quando a aquisição, de alguma forma, favorece o comprador e todos os membros da família. “A compra por impulso é perigosa. Por isso, determinadas transações devem ser planejadas com muita cautela para caber no bolso e não prejudicar o pagamento de outras prioridades.”