Fonte: Valor Online
SÃO PAULO – Os fundos imobiliários encerraram o primeiro semestre do ano com crescimento de 37,6% no número de cotistas. Em dezembro do ano passado, os investidores com aplicações nessas carteiras somavam 21.216, passando para 29.192 no fim de junho.
O patrimônio líquido também aumentou, embora em menor proporção: expansão de 19,2% nos seis primeiros meses do ano, saindo de R$ 8,316 milhões para R$ 9,912 milhões.
Os dados fazem parte de um levantamento sobre a evolução dos fundos de investimento imobiliários apresentado hoje pela BM&FBovespa, em parceria com a Apimec-SP. Há hoje 114 carteiras desse tipo registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Desses, 54 têm cotas negociadas na bolsa, que somam R$ 6,216 milhões em patrimônio e R$ 9,563 milhões em valor de mercado.
Um dos entraves quando se fala em fundos imobiliários é a baixa liquidez, ou seja, se o investidor quiser deixar a aplicação, ele deve vender suas cotas em bolsa e, nem sempre, há compradores. No entanto, essa situação parece estar mudando. Somente no primeiro semestre deste ano, o volume de negócios atingiu R$ 375,5 milhões. Só para se ter uma ideia, em todo o ano de 2008, o total foi de R$ 143 milhões.
Até então, o grande apelo dos fundos imobiliários se concentrava no benefício tributário, mas agora o investidor também conta com maior liquidez, ressalta Alexandre Machado, sócio da Credit Suisse Hedging-Griffo responsável por fundos imobiliários.
Vale lembrar que, no caso das aplicações realizadas por pessoas físicas, não há a incidência de imposto de renda sobre os ganhos obtidos. “O potencial de crescimento do setor ainda é muito grande”, afirma ele, lembrando que o patrimônio das carteiras imobiliárias representam apenas 0,6% do total em fundos de investimento no país.
A transparência na divulgação de informações, entretanto, ainda é uma demanda do setor. Isso porque, os fundos imobiliários são bem diferentes entre si, embora estejam sob um mesmo guarda-chuva. Há carteiras com foco em renda, ou seja, que compram imóveis e pagam retorno ao investidor de acordo com o aluguel. Existem também fundos de desenvolvimento, em que a aplicação é feita em projetos aindaem desenvolvimento. Porfim, há os fundos que aplicam em papéis com lastro em imóveis, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). É nascente no mercado, ainda, os fundos de fundos imobiliários.
Para dar mais transparência aos fundos imobiliários e suas demonstrações financeiras, a CVM colocou em audiência pública uma minuta que prevê a reavaliação das regras do setor, estipulando uma classificação para essas carteiras e mensuração de ativos e passivos. Na minuta, os imóveis seriam classificados de acordo com a sua finalidade e, nas demonstrações financeiras, os imóveis destinados à renda deveriam ser registrados pelo valor de mercado. Hoje alguns fundos registram os imóveis nas demonstrações contábeis pelo seu valor de custo.