O projeto do Mirante Shopping, que será construído na antiga fábrica Boyes, às margens do Rio Piracicaba, foi lançado ontem à imprensa. O empreendimento, que compreende um centro de compras e lazer e um hotel cinco estrelas, vai valorizar o patrimônio histórico. O investimento estimado é de R$ 360 milhões e a obra deve ser entregue em outubro de 2017.
O projeto começou a ser discutido há três anos entre os investidores, o grupo de empresários de Piracicaba que adquiriu a área há sete anos e os diversos órgãos da prefeitura. Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (Codepac) e do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat do Estado de São Paulo).
Ontem, a empresa e o grupo de empresários proprietários da fábrica liderados por Jorge Aversa Júnior, Luiz Carlos Furtuoso e Adenir Graciani, apresentaram o conceito e os entraves legais e burocráticos para aprovar o projeto na prefeitura.
“Foram 24 revisões no projeto original até sua aprovação na semana passada”, afirmou Guilherme Sahade, diretor da GMR Gradual, realizadora da obra. “Foi um projeto delicado de ser elaborado, porque não se trata somente de um patrimônio de Piracicaba, mas do Brasil, pela sua importância histórica”, disse Sahade.
A fábrica foi criada há 140 anos por Luiz de Queiroz, quando ele tinha 25 anos. O primeiro galpão erguido para a fábrica de tecidos Santa Francisca foi escolhido para a apresentação do empreendimento.
A GMR também vai recuperar e colocar em funcionamento a hidrelétrica construída por Queiroz, em 1883, para alimentar sua residência, o palacete Boyes. “Em 1892, ele passou a oferecer energia elétrica para a cidade. Agora, vamos gerar um megawatt de energia por hora para o shopping, o que nos garantirá o selo de sustentabilidade”, afirmou Sahade.
De acordo com o prefeito Gabriel Ferrato (PSDB), todas as exigências feitas pelo poder público para o projeto ser aprovado foram atendidas, inclusive o estudo de impacto da mobilidade naquela área. “Esse projeto tem o benefício imediato de geração de emprego, incentivo ao turismo e vai modernizar o centro da cidade. Em contrapartida, a empresa vai ajudar no desenvolvimento da primeira etapa da reforma do Parque do Mirante”, afirmou.
De acordo com Yuri Cerchiari, coordenador do projeto, a definição do que será feito no parque será em maio, quando a prefeitura apresentar o projeto.
Segundo ele, a proposta sempre foi de promover em elemento de integração urbana e não construir um shopping caixa fechada. “O Mirante Shopping será uma extensão da rua e de valorização dos elementos arquitetônicos dos espaços que são tombados”.
CONCEITO
O arquiteto Jaime Lago, que elaborou o projeto do Shopping Mirante, buscou conceitos de revitalização de áreas urbanas em diversos países, mas esse será o único com as características de praças abertas e quatro acessos para as ruas no entorno da área do shopping.
Segundo ele, serão preservados 85% dos prédios históricos da antiga fábrica Boyes. Podem ser demolidos ou completamente reformados os demais 15% de construções feitas nos últimos 30 anos. A fábrica foi desativada há cerca de 12 anos.
Projetos desenvolvidos nas regiões do Soho e Tribeca, em Nova York, nos Estados Unidos, e em Puerto Modero, em Buenos Aires, na Argentina, inspiraram o projeto que vai oferecer lazer, cultura, diversão, alta gastronomia e jardins e alimentação ao ar livre. “A praça de alimentação externa será maior que a interna e será construída acima do topo das árvores, permitindo a visualização do entorno”, comentou.
REALIZAÇÃO
Para o empresários que são proprietários da fábrica, a proposta da GMR veio ao encontro dos objetivos do grupo. “Foram cinco anos de empresas que vinham e queriam investir, mas somente se pudessem demolir tudo e nós não queríamos isso. Nossa intenção sempre foi a valorização do patrimônio histórico”, afirmaram Jorge Aversa Júnior e Luiz Carlos Furtuoso.
Quando a GMR veio à cidade, em 2013, procurando área para construção de edifícios residenciais, os empresários Angelo Frias Neto e Angelo Amaral Frias apresentaram a área da fábrica Boyes. “Eles gostaram da área e foram feitas pesquisas sobre o projeto que eles queriam para que agregasse à cidade e definiram um novo conceito de shopping aberto integrado à comunidade”, afirmou Frias Neto.
ACEITAÇÃO
O diretor da Semma – empresa de shopping centers -, que está coordenando o setor comercial do empreendimento, disse que grandes operadoras do comércio se disseram dispostas a montar sua segunda ou terceira loja em Piracicaba. “As pesquisas mostraram que os equipamentos de varejo se identificaram com o resgate do patrimônio histórico. As primeiras lojas âncoras serão anunciadas em maio, no lançamento comercial do empreendimento”, comentou.
Para Lauro Pinotti, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (Ipplap), e para Mauro Rontani, presidente do Codepac, a construção do shopping marca o início da revitalização de toda área central da cidade, integrando também o Engenho Central e o Parque do Mirante, que será reformado.