Muito se fala que o Brasil tem uma posição de liderança perante a transição de uma política nacional de mudanças climáticas, pois agora se estrutura para cumprir suas metas de redução das emissões de gases do efeito estufa até 2020. “Caminhamos bastante, mas o muito ainda é pouco. É preciso conscientização em larga escala”, analisa Alexandre Prado, coordenador de projeto do Programa Desenvolvimento Local do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Ainda segundo o coordenador da FGV , o condomínio, por sua natureza de abrigar núcleos humanos, apresenta diferenciais positivos nessa missão. “Um grupo com um bom planejamento surte mais efeito. A economia de água e energia nos edifícios é um bom exemplo a ser praticado nesse sentido”, ilustra.
De acordo com o especialista, as pessoas precisam se reconhecer como agentes ativos do desenvolvimento sustentável, e assim ajudarem-se na promoção de uma mudança de posturas e atitudes em relação ao uso dos recursos e da forma de lidar com as questões ambientais.
Prado ainda faz referência a uma recente pesquisa realizada pelos Institutos Akatu e Ethos, que mostra alguns resultados positivos, como a manutenção do percentual de consumidores conscientes em 5%o que, considerando-se o aumento populacional, significa um crescimento de cerca de 500 mil brasileiros aderindo a valores e comportamentos mais sustentáveis.
“O Secovi-SP sempre esteve na luta pela adoção de medidas sustentáveis, queremos conduzir os condomínios para essa renovação”, reflete Geraldo Bernardes, diretor de Sustentabilidade da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP .
A mudança de postura pode começar por atitudes simples, segundo Bernardes. “Basicamente, são ações que envolvem economia de água e energia, reciclagem de lixo e a criação de áreas ‘permeáveis’ no edifício que, em linhas gerais, valorizam o condomínio”, afirma o diretor.
Para o dirigente, as administradoras também precisam esforçar-se para oferecer ao condomínio aquilo que elas próprias elegeram para si como estratégia de sobrevivência. “Se for uma empresa que pensa no meio ambiente, essa preocupação deve se traduzir em propostas concretas para os condomínios de sua carteira”, afirma.
CONDOMÍNIOS E SUSTENTABILIDADEEM DEZ PASSOS— Com algumas mudanças é possível alcançar resultados sustentáveis importantes nos condomínios. Abaixo alguns direcionamentos que podem ser aplicadas nos edifícios:
– A instalação de medição individualizada de consumo de água representa até 35%de economia na conta de água. O síndico pode verificar se o seu prédio permite tais instalações. O mesmo se refere ao GLP;
– Os interlocutores do condomínio podem fazer parceria com alguma empresa ou organização que recicle o óleo de fritura usado de origem doméstica. Além disso, o óleo pode entupir as tubulações hidráulicas, causando gastos futuros. Além disso, tais dejetos contaminam a água;
– O condomínio poderá promover uma coleta seletiva de lixo reciclável, acionando cooperativas ou prefeituras para recolher esse material. Também, quando da manutenção, pode lançar mão do uso de tintas ecológicas, com cores claras: isso favorece uma menor contaminação química e, simultaneamente, um melhor uso da luminosidade. Outra coisa é a utilização de mantas técnicas para cobrir e manter o calor das piscinas;
– Os moradores ou funcionários do condomínio poderão juntar o material orgânico do lixo para compostagem, que por sua vez poderá ser usado nos jardins e hortas do prédio ou até mesmo ser vendido;
– O condomínio pode instalar um sistema de captação de água de chuva para a lavagem de áreas comuns, carros, calçadas ou mesmo para regar jardins, flores e plantas. Também pode promover a troca/instalação de equipamentos hidráulicos (regulador de vazão, arejadores, controladores de vazão, vasos sanitários etc) que resulta em economia de água e energia;
– A instalação de luzes com sensores de presença, principalmente em áreas de baixa movimentação (escadas etc) no edifício, é uma atitude sustentável. Outra alternativa menos comum, porém viável, é a instalação de sistema para captação de energia eólica no condomínio;
– Caso conte com mais de um elevador, o condomínio pode promover um rodízio no uso do equipamento. Caso seja necessário, é possível instalar programas sofisticados que controlam de forma inteligente a logística dos elevadores;
– Comprar alimentos orgânicos pode ser caro.Mas os condôminos podem formar um clube de compras em grandes quantidades, negociando melhores preços diretamente comas empresas fabricantes;
– Dezenas ou centenas de moradores têm muito mais poder para negociar com cooperativas, ONGs ou empresas diversas a aplicação de soluções sustentáveis no condomínio.
Fonte: Jornal de Piracicaba