Há sete anos, um grupo de empresários da cidade adquiriu as instalações da antiga fábrica Boyes, que foi uma das mais importantes indústrias de tecelagem de Piracicaba e também de São Paulo. Desde a aquisição foram desenvolvidos diversos estudos sobre o destino da área e, hoje, eles e a construtora GMR Gradual farão o lançamento para a imprensa do Mirante Shopping, empreendimento que será construído no local.
Na ocasião em que os empresários adquiriram as instalações da fábrica, eles comentaram que o objetivo era preservar e recuperar o local, um dos patrimônios do desenvolvimento econômico de Piracicaba.
Os detalhes do projeto e os conceitos que serão aplicados no projeto serão apresentados pela empresa GMR Gradual, que empreende shoppings centers e strip malls.
De acordo com o site da construtora, seus projetos buscam proporcionar nas grandes áreas ocupadas por shoppings centers a diversidade de lazer, a valorização das áreas descobertas, bem arejadas e com destaque forte ao verde. “Todos os seus shoppings terão integração direta com edifícios comercias, edifícios residenciais e hotéis”.
Atualmente, a empresa está construindo shoppings em São José dos Campos, Bauru e Jundiaí, conforme o site.
A revitalização da área aliada à preservação do local já foi debatida pela municipalidade. O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (Codepac) tombou o Palacete Boyes , como é conhecida a casa construída por Luiz de Queiroz, fundador da fábrica.
De acordo com dados do Memorial do Empreendedor da Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), a fábrica de tecidos Boyes foi fundada em 1874 como Fábrica de Tecidos Santa Francisca e se tornou a primeira grande indústria originalmente piracicabana.
“Recebeu a primeira linha de telefone da cidade e, ainda obteve o seu processo de produção por meio da força hidráulica do rio Piracicaba.
Por falta de tecnologia para subsidiar a produção demandada pela fábrica, todos os maquinários foram importados da Inglaterra.
História
O arquiteto Marcelo Cachioni, diretor do Departamento de Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (Ipplap), em sua pesquisa sobre o Papel Pioneiro de Piracicaba na Construção Fabril na Província de São Paulo, identificou a necessidade de ações para preservar esse espaço. “O local onde foi instalada a fábrica pertencia a Manuel Rodrigues Jordão e era conhecido como Fazenda Engenho d’ Água. Adquirida pelo Barão de Limeira, após sua morte foi passada por herança ao seu filho, Luiz de Queiroz. Luiz de Queiroz trouxe para a cidade técnicos especializados da Bélgica, pois não os encontrou no Brasil. Na ausência de serrarias, as esquadrias das janelas da construção foram feitas à mão. Como não havia cultura de algodão disponível, passou a plantar e comprar de outros pequenos produtores, os quais ele incentivou a produzir”, informa no estudo.
A construção da fábrica teve início em 1874, com o lançamento da pedra fundamental. Conforme a pesquisa de Chachioni, que teve como base a busca de informações e registros de historiadores da cidade, como Leandro Guerrini, o engenheiro responsável pela obra foi o inglês Arthur Drysdem Sterry.
“Em 1876 eram inaugurados os trabalhos de fiação com 50 teares de serviço para 70 operários, produzindo 2.400 metros de tecido por dia”.
A tecelagem Santa Francisca contava com janelas em arco pleno e porão para adaptar o prédio ao desnível do terreno, segundo o estudo de Cachioni, que identificou que barcos faziam o transporte fluvial da produção da fábrica e dois por ferrovia.