Fonte: Jornal de Piracicaba
O mercado aqueceu, as construções pipocaram pela cidade, a mão de obra escasseou e o custo, tanto da construção civil, quanto dos imóveis, disparou. Assim pode ser resumido o quadro imobiliário piracicabano. Neste ano, o número de alvarás de construção solicitados na Prefeitura manteve a mesma média do ano passado, mas isso só aconteceu porque em 2010 o setor já havia registrado uma recuperação significativa.
Pelos alvarás emitidos no primeiro semestre é possível verificar que os números se mantiveram em relação ao mesmo período de 2010. Nos primeiros seis meses de 2010 foram expedidos 1.046 alvarás de construção. No mesmo semestre deste ano foram 1.048 (veja quadro). Na opinião do diretor do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), Angelo Frias Neto, o boom do setor aconteceu em 2010, durante a recuperação da crise de 2009. “Muita gente que deixou de fazer em 2009, fez em 2010. Este ano continua forte e só não é maior porque a falta demão de obra dificulta”, observa, dizendo que muita gente não está nem conseguindo iniciar a obra. “Acredito que se houvesse mais mão de obra o crescimento poderia ser maior entre 10%e 20%”, analisa.
Realmente, quem procura profissionais para erguer uma obra não acha e quem trabalha não consegue atender todo mundo. O pedreiro Renato Garcia, 30, não consegue nem ajudantes para atender as empreitas que assume. “Ninguém quer trabalhar”, dispara, dizendo que acaba fazendo serviço de servente porque até os que começam a trabalhar acabam faltando um dia ou outro. “A gente acaba fazendo de tudo”, conta.
Além de poucas pessoas estarem dispostas a pegar no pesado, outro fator que ajuda a escassez de profissionais na construção civil é a contratação em metalúrgicas, segundo ele. “Elas pagam mais que os R$ 1000 que o ajudante pode tirar na obra”, relata Garcia.
Assim, quem continua na área vê sobrar emprego. “Tem que dispensar serviço quando a pessoa não pode esperar”, admite o pedreiro, afirmando que para começar e terminar ma residência em meio terreno leva uma média de seis meses. “Só algumas pessoas acabam esperando”, conta.
Por isso, o pedreiro Edinaldo Francisco de Lima, 36, que mal iniciou a construção de uma casa, já tem trabalho fechado para 2012. “Acho que tem muito serviço e pouca gente para trabalhar”, opina. Segundo ele, muita gente passa pela obra procurando pedreiros e ajudantes para contratar, sem sucesso.
A Prefeitura não informou quais bairros registram maior crescimento da construção civil, mas para Neto, do Secovi, as regiões que mais crescem são aquelas que comportam novos loteamentos, ou seja, mais distantes da área central. Segundo ele, na Reserva do Engenho há mais de 70 obras que foram iniciadas nos últimos seis meses. E crescem edificações no Parque Unimep Taquaral, na região de Santa Teresinha, Dois Córregos e Água Branca. O problema é o custo: mesmo os empreendimentos mais populares estão ‘salgados’, com tanta efervescência econômica.
Neto observa que a valorização foi geral: do terreno ao material, passando pela mão de obra. “Em 12 meses os imóveis subiram 20%”, atesta, dizendo que hoje, um terreno de175 metros quadrados em bairro de classe média custa entre R$ 45 mil e R$ 50 mil. Já um lote do mesmo tamanho no Terras de Piracicaba chega a R$ 280mil.