Entre abril de 2018 e março de 2019, Piracicaba teve um aumento de 46,3% no número de imóveis lançados. Foram 2.729 unidades novas, frente às 1.865 lançadas no período anterior. Os imóveis de dois dormitórios foram os grandes responsáveis por manter o aquecimento do setor. Do total de lançamentos, eles respondem por 2.205 unidades, com 1.963 vendidas, perfazendo um VGV (valor de vendas) de R$ 314,2 milhões. No acumulado na série de três anos, o volume de negócios efetivados com lançamentos chega a R$ 1,064 bi em Piracicaba.
“Os imóveis no padrão econômico, com dois dormitórios, metragem entre 45 m² e 65 m² e preços de até R$ 230 mil destacaram-se em quase todos os indicadores, no período de abril de 2018 a março de 2019” diz o diretor do Secovi-SP e representante da entidade em Piracicaba, Angelo Frias Neto.
Foi ele que apresentou nesta terça-feira, dia 28 de maio, para a imprensa e para os operadores do setor, o desempenho do mercado imobiliário de Piracicaba no último ano, levantado pelo Estudo do Mercado Imobiliário de Piracicaba, realizado pelo Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) em parceria com a Robert Michel Zarif Assessoria Econômica.
Com base nesses números, e na reação que começou a ser observada por Frias Neto no último trimestre de 2018, ele acredita em uma tendência de melhora contínua do setor até o final de 2019.
“Sabemos que a instabilidade política nacional fez os negócios se acomodarem em abril, em um compasso de espera pelas definições em âmbito federal, como a aprovação das reformas. Mas existem indicadores bastante animadores. Na semana passada, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgou que o Brasil registrou a criação líquida de 129,6 mil vagas formais de emprego em abril, o melhor resultado para mês desde 2013. Esses dados podem ter influenciado a reação que já se observa no setor imobiliário neste mês de maio”, comenta.
Outro dado apresentado por Frias Neto e levantado no Estudo Secovi mostra que Piracicaba encerrou março de 2019 com um estoque de 1.889 unidades disponíveis para comercialização (unidades na planta, em construção e prontas, lançadas nos últimos 36 meses). O volume é 6,3% maior em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando houve o registro de 1.777 imóveis não vendidos.
Mas a variação não preocupa, segundo Frias Neto, uma vez que é pequena e, com a retomada das vendas, esse estoque disponível de produtos lançados deve ser consumido em menos de 10 meses.
O diretor do Secovi salienta que a despeito de algumas incertezas, o setor imobiliário é privilegiado com um cenário positivo em virtude da baixa taxa referencial de juros (Selic), inflação abaixo até da meta fiscal, abundância na oferta de financiamentos pelas entidades financeiras, perspectiva de aprovação das reformas e boas perspectivas para o Brasil.
“Além disso, é preciso considerar as características do mercado imobiliário, que o mantém sempre em movimento, independente do cenário: um país de população jovem, em crescimento, com famílias se formando, filhos nascendo, filhos casando e formando novas famílias e todos precisando de moradia”, destaca.
Frias Neto também chama a atenção para peculiaridades de Piracicaba, que tem uma economia diversificada, comércio, indústria e serviços, sendo polo de desenvolvimento tecnológico do agronegócio, com centros de ensino e pesquisa de excelência e centros de desenvolvimento de startups, como o Pulse (patrocinado pela Raizen) e AgTech Garage (patrocinado pela Aguassanta Desenvolvimento Imobiliário).
Logo após a apresentação do estudo, o presidente do Conselho Consultivo do Secovi e do Conselho de Gestão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, Cláudio Bernardes, ministrou a palestra “Planos Diretores, Instrumentos Urbanísticos e Sustentabilidade Urbana”.
Estudo atualiza valor do metro quadrado
Durante a apresentação do estudo, Angelo Frias Neto atualizou o valor do metro quadrado em Piracicaba. Em março de 2019, o preço médio por metro quadrado de área útil dos imóveis residenciais na cidade era de R$ 5.381,00 para o mercado tradicional e de R$ 3.456,00 no segmento econômico. Os valores médios praticados de venda dos imóveis, no período analisado de 36 meses (abril de 2016 a março de 2019), foram: R$ 180 mil (1 dormitório econômico), R$ 160.162,00 (2 dormitórios econômicos), R$ 288.263,00 (2 dormitórios), R$ 210 mil (3 dormitórios econômicos), R$ 604.065,00 (3 dormitórios) e R$ 1.384 .657,00 (4 dormitórios).
E se os imóveis de 2 dormitórios econômicos destacam-se em quase todos os indicadores, entre abril de 2018 e março de 2019, os imóveis com o melhor VSO (Venda Sobre Oferta), ou seja, volume comercializado dividido pela oferta no início do período, foram os da faixa entre R$ 500 mil e R$ 750 mil.
Os loteamentos também estão contemplados na análise feita pelo Secovi, a partir do levantamento do número de projetos aprovados no Graprohab (Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo) nos últimos anos.
No ranking dos 10 municípios com mais lotes aprovados no Estado de São Paulo entre 2010 e 2018, Piracicaba aparece na terceira colocação, com 54 projetos, 18.981 unidades e participação de 1,68% no total, atrás de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto.
“A tendência para este ano é de novos projetos de loteamentos, uma vez que um empreendimento dessa natureza demora, no mínimo, três anos para ser lançado. Desse modo, para não faltar produto nos próximos anos, é necessário começar o quanto antes”, analisa Frias Neto.