Quatro das dez maiores empresas exportadoras do Estado de São Paulo entre janeiro e fevereiro deste ano estão em Piracicaba. Fabricante de equipamentos de grande porte para construção e mineração, a Caterpillar ocupou, pela primeira vez, desde 2001, quando teve início a medição, o topo do ranking estadual divulgado pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Em oitavo e nono lugares, ficaram a Raízen (joint venture criada entre Cosan e Shell) Combustíveis e a Raízen Energia, respectivamente, e, em décimo, a Copersucar.
Com as exportações crescentes, a Caterpillar aposta no mercado aquecido da América Latina, além dos destinos tradicionais. Em 2011, as vendas externas da multinacional cresceram 67%, passando de US$ 1,08 bilhão em 2010 para US$ 1,8 bilhão no ano passado. No primeiro bimestre deste ano, a Caterpillar exportou US$ 341,8 milhões, o correspondente a 75% do total embarcado pelo município no período. Entre janeiro e fevereiro, as exportações de Piracicaba somaram US$455,2 milhões, crescimento de 31,7%em relação aos dois primeiros meses de 2011 (US$ 345,5 milhões). Como resultado, o município mantém a 17ª colocação no ranking nacional e, entre as maiores cidades exportadoras do Estado, ocupa o sexto lugar. De acordo com Cristiano Morini, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), os dados são animadores e refletem o bom desempenho dos mercados americanos. “Só a América Latina representa 60% do total exportado pelo município, fora os Estados Unidos e Canadá, cujas economias vão bem. O temor de que a crise européia afetasse essas regiões, portanto, não está ocorrendo”, afirmou Morini. Em fevereiro, Piracicaba embarcou US$ 257,4 milhões em mercadorias, ultrapassando o melhor patamar já registrado pela cidade em um único mês, de US$ 250 milhões.
Além das vendas de bens de capital (máquinas e equipamentos) da Caterpillar, Morini destaca três novidades neste ano. Uma delas refere-se às exportações de máquinas voltadas ao setor sucroalcooleiro, o que é confirmado pelo Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool). Só para o grupo outras máquinas e aparelhos para colheita, o valor embarcado pelo município supera em quatro vezes o registrado no primeiro bimestre de 2011, saltando de US$ 2,6 milhões para US$ 11,2 milhões. Até então nulas, as vendas de aparelhos de destilação ou retificação de alcoois totalizaram US$ 46,9 milhões, ocupando o terceiro lugar entre os principais produtos exportados.
Segundo o gerente-executivo do Apla, Flávio Castelar, muitos contratos estão sendo fechados entre empresas associadas e países como Argentina, Colômbia, Peru, Guatemala e México. “A produção de etanol fora do Brasil começa a crescer para atender a legislação e, consequentemente, a demanda por nossas máquinas, equipamentos e serviços também aumentou”, explicou Castelar. No fim do ano passado, o Apla prospectou US$ 1 bilhão em negócios para serem fechados até o fim de 2012. “É um número expressivo, considerando as dificuldades enfrentadas por conta do câmbio e do custo Brasil”, completou Castelar.
Também em ascensão, o mercado de lisina — aminoácido para ração animal a partir da cana-de-açúcar — contribui para o cenário positivo local. Entre janeiro e fevereiro, o valor embarcado foi de US$ 3,2 milhões, alta de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Tal aumento é atribuído à CJ do Brasil, empresa coreana fabricante de lisina com unidade em Piracicaba. “A desvalorização do Real e o aumento na capacidade de produção permitiram que ampliássemos a competitividade no mercado internacional”, afirmou o vice-presidente da companhia, Arthur Hong.
AÇO — O grupo que engloba as barras de ferro e aço, igualmente, se destaca no início do ano, com vendas 60% maiores — montante passou de US$ 6,7 milhões de janeiro a fevereiro de 2010 para US$ 10,7 milhões. Gerente de logística da Arcelor Mittal, Francisco Costa explica que o foco são os países da América do Sul e as perspectivas são positivas. “O crescimento nos países emergentes está alavancando a economia mundial, de modo que devemos manter as exportações constantes”, disse Costa. Do valor obtido pela empresa com as aproximadamente 200 mil toneladas embarcadas por ano, 70% correspondem às vendas para a Bolívia, enquanto os 30% restantes ficam distribuídos entre Peru, Chile, Paraguai e Colômbia.
Superávit deve ser mantido
As importações de Piracicaba totalizaram US$ 283 milhões no primeiro bimestre, aumento de 18% em relação aos US$ 239,7 milhões importados por empresas do município em igual período de 2010. O saldo da balança comercial ficou em US$ 172,2 milhões. E, segundo o professor Cristiano Morini há chances de acidade manter o superávit ao longo do ano. “Se as exportações seguirem crescentes, impulsionadas pelos três novos setores, é bem possível que Piracicaba não registre déficit. Mas ainda é muito cedo para apontar qualquer tendência.” (PR)
PAOLA RIBEIRO – Jornal de Piracicaba – 20 de março de 2012