Confesso que me surpreendi com o tamanho e o dinamismo da cidade quando cheguei aqui, há dois anos atrás. A ideia que eu tinha, assim como muitos parentes e amigos meus de São Paulo, seria de uma cidade normal do interior paulista, sem muitas surpresas, imagem e semelhança dos relatos das tradicionais músicas sertanejas de raiz. Porém, Piracicaba surpreendeu-me e continua a fazer o mesmo comigo todos os dias, à medida que descubro mais e mais informações sobre esta cidade pujante, de economia forte.
A economia dinâmica de Piracicaba é refletida em seus indicadores sociais e econômicos. Ela apresentou um PIB per capta (medida de distribuição entre seus habitantes de todas as riquezas produzidas), em 2009, de R$ 26.030,00. Um índice maior do que cidades como Sorocaba e Guarulhos. O índice de desenvolvimento humano (IDH), segundo dados do PNAD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), é de 0,836, um valor alto se compararmos com o índice do Brasil, de 0,718 em 2011.
Foi-se o tempo em que o setor do agronegócio era visto como insuficiente para desenvolver uma região, ou inclusive um país. Hoje, a ideia da maldição dos recursos naturais está ultrapassada. Por isso, Piracicaba, um reconhecido pólo industrial do setor de agribusiness, goza dos benefícios da forte demanda por alimentos para os próximos anos, impulsionados pelo forte consumo da China e da Índia principalmente. Apesar disso, é recomendado que a cidade continue a ampliar a diversificação do seu sistema produtivo, a fim de diminuir os seus riscos perante crises internacionais como a que estamos vivenciando atualmente.
Outro fator de relevância para o desenvolvimento da cidade de Piracicaba é a sua composição etária. Em 2020, ano onde a Fundação SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados) projeta uma população com quase 400 mil habitantes para a cidade, a faixa etária mais representativa na população será de 30 a 44 anos, representando cerca de 24,70% da população total. Mas qual a implicação deste comportamento?
A primeira implicação será sob o consumo. A cidade vivenciará o que os geógrafos afirmam ser um “bônus demográfico”. Ou seja, a tendência para os próximos anos é de uma população com maior poder aquisitivo, e consequentemente, um maior consumo, impulsionando empresas a investirem mais na economia de Piracicaba, prolongando o efeito benéfico do bônus, desenvolvendo a economia da cidade.
A segunda implicação é sob os gastos da Prefeitura. Uma população economicamente ativa maior implica em mais impostos a serem pagos, aumentando a receita total da Prefeitura. Cabe aos próximos prefeitos investirem em projetos os quais irão colaborar no desenvolvimento da cidade, como educação e infraestrutura. Somente ambos farão com que Piracicaba ganhe competitividade em relação a outras cidades do Estado, atraindo investimentos e, por conseqüência, aquecendo a economia piracicabana. Incentivar projetos sustentáveis, como ciclovias por exemplo, é outra importante ação a qual trará somente benefícios aos piracicabanos.
A terceira implicação deste comportamento demográfico é sob o Mercado Imobiliário. Piracicaba vivencia, atualmente, uma expansão imobiliária como nunca antes, recebendo mais de 30 lançamentos residenciais em 2011. Porém, uma população representativa entre 30 e 44 anos implica em um crescimento no número de famílias na cidade, demandando mais ainda novos imóveis para os próximos anos. O índice de verticalização, que de 2000 a 2010 cresceu 47%, tende a ser maior nos próximos 10 anos.
Portanto, o comportamento demográfico esperado para os próximos anos, somado ao dinamismo econômico citado no começo deste artigo, faz com que a cidade seja um “alvo” crescente de incorporadores e construtores, a fim de abastecer a oferta tímida de imóveis novos da cidade. Grandes empresas do setor, como a Adolpho Lindenberg, parceira da Frias Neto, já marcam presença na cidade, aproveitando todas as vantagens que Piracicaba tem a oferecer.
Passado a surpresa inicial que tive, atualmente procuro informar-me e conhecer um pouco mais de Piracicaba e do que ela tem a oferecer. Creio que 2012 será cheio de desafios frente aos temores existentes na economia mundial, principalmente no que diz respeito aos Estados Unidos e Europa. Mas tenho certeza que como sempre, Piracicaba mais uma vez irá surpreender-me, mostrando uma solução sustentável para tudo que vem à frente.
Graduando em Economia pela ESALQ-USP, e estagiário do Dpto. de Inteligência de Mercado da Frias Neto.